Há uma lama no meu quarto,
Há um quarto na minha lama.
Me pego tropeçando sóbria pelos corredores.
Acordo com a cabeça embaixo d'água,
De pé no centro da sala,
Na cama vazia que nunca esquenta demais.
Embriago-me no escuro,
Busco uma coberta velha,
Emudeço-me aos berros
Para não pedir ajuda a mais ninguém.
Viro as costas para o espelho.
Não pertenço a estas paredes,
Não me aguento de joelhos,
Não me lembro do que eu fiz.
Quem eu era?
Quem eu era?
Quantos copos eu bebi?
Procuro paciente por meus dedos,
Me esqueço,
Respiro sem perceber
Até não respirar
E quando eu não respiro é bom.
O ar é meu inimigo,
Não você.
Tateio a ausência pelos azulejos.
Te encontro e me perco no meio
Da minha própria bagunça.
O mundo gira impiedoso:
Não posso parar, não posso parar.
Sucateio alguma coisa pra chamar de nossa.
Um verso, um teto, um beijo.
Me recolho e me maltrato,
Não há nada que me reste além do seu retrato velho.
Na minha lama há um corpo,
Há porcos na minha cama.
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