segunda-feira, 30 de março de 2015

Março depois tu

As cicatrizes são tão bonitas desenhadas no meu antebraço.
Não me reconheço.
Não me escondo, tampouco me ponho para exibição.
Não reconheço a tatuagem na minha pele, ou as músicas que eu costumava ouvir.
Sei que existem as minhas mãos e a minha voz. E isso é insano.
Não vos amo desde já.
A lua daqui não é mais tu.
Qual é o propósito?
Não existe mais álcool.
Meu cigarro é como respirar oxigênio.
Não me sufoca nem um pouco.
Monótono.
Não existe mais euforia a teu respeito.
Que tédio.
A chuva nem molha direito.
Morre, março, que há outra porção de nadas me esperando.
Morre, março, que abril me fecha todas as portas.
Acrílica.
Papelão.
Mosquitos.
Fumaça.
Me deixa aqui.
Nem você tem mais graça.
Nem dá mais pra sentir esse amor empoeirado.
O passado foi cremado.
Nem velório teve.
Faz mais um ano que você vive.
Tá tudo muito certo pro pouco de felicidade que me resta.

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