terça-feira, 18 de maio de 2021

Chá de Boldo

Meus olhos não pregam

Como as mãos de cristo

Não sei se tento enxergar algum milagre

Ou só aceito como Buda ou algum sábio

De que outra maneira-?

Meus enormes negros, fundos

Olhos de coruja

A nova voz no meu sonar

Mais alguém em quem confiar...

E meus cílios como cola para postiços,

Colados nas pálpebras,

Arregalada

Laranja Mecânica

Me digo 

Que não desligue

Não desligue

Não, você não pode desligar agora

Mas ao deitar e implorar tudo está em pleno neon

Sigo acesa

E o caos e o caos e eu penso

O que fazer com este caos

Então me sento frágil

Forte

As duas simultâneas, juntas

Acordadas,

Sigo a descascar o caos

Como uma cebola que ardesse os olhos 

Mas dessa vez, mastigo as partes

Engulo

Uma após a outra

Após a outra

E após

Até que não me seja mais possível descamar

Em tamanha náusea, no passado

Alguém me daria um chá

Um chá de boldo, pra enjoar

E colocar tudo de ruim pra fora

Engulo o chá.

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