Eu tenho uma dor que me deram.
É minha e apenas minha essa dor.
Não é de Adenor, de Jorge,
De Sofia ou de Maria.
Essa dor que tenho é só minha.
É minha e apenas minha essa dor.
Não é de Adenor, de Jorge,
De Sofia ou de Maria.
Essa dor que tenho é só minha.
Não vejo por que doá-la,
Descartar na reciclagem,
Embrulhar pra viagem.
Se ela é minha e vem,
Como um cachorro e seu dono,
É companhia.
Então, gosto da minha dor.
Descartar na reciclagem,
Embrulhar pra viagem.
Se ela é minha e vem,
Como um cachorro e seu dono,
É companhia.
Então, gosto da minha dor.
Eu tenho uma dor que me deram.
Ela fura, aperta e enforca.
Ela me rasga
E às vezes me entorta.
Mas, se a dor é minha,
De que isso importa?
Ela fura, aperta e enforca.
Ela me rasga
E às vezes me entorta.
Mas, se a dor é minha,
De que isso importa?
Foi presente
Recebido há muito tempo.
Estava eu ao relento,
Mendigando afeto.
Foi tudo que puderam me oferecer.
Recebido há muito tempo.
Estava eu ao relento,
Mendigando afeto.
Foi tudo que puderam me oferecer.
Eu aprendi a ler,
A beijar e a correr atrás.
Eu aprendi que às vezes
É só querer um pouco mais
Que gente passa a ter.
A beijar e a correr atrás.
Eu aprendi que às vezes
É só querer um pouco mais
Que gente passa a ter.
Mas eu já tenho essa dor,
Que me deram.
Não tenho as mãos vazias
Nem peso no peito.
Que me deram.
Não tenho as mãos vazias
Nem peso no peito.
Aceito a minha carga
Como fizesse parte
De minhas costas,
Dos ossos.
A mesma dor que eu tenho
Ao me levantar.
Como fizesse parte
De minhas costas,
Dos ossos.
A mesma dor que eu tenho
Ao me levantar.
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