terça-feira, 16 de agosto de 2016

Puke

Me dê um verso
Algo simples, qualquer coisa
Eu tô cansada dessa minha bulimia
E do medo
E dessa velha agonia
Alternar entre silêncio
E avalanche
Não pode ser normal
Tento falar
Respiro fundo
Quando vejo estou gritando
De novo, de novo
Por favor, cale-se
Por favor, pare de repetir
E o peito acelera em pânico
É agora, é agora que vamos cair
Então eu surto
Para dizer todas as coisas que engoli
E mais duzentas
Tudo de uma vez, feito vômito
Eu quero um verso
Uma essência
Algo leve que rasgue as entranhas
Aos poucos
Algo que me faça chorar
E não temer pela vida
Quanto mais eu me calar
Mais desabamentos virão
E eu odeio desabar
Me dá, suplico
Uma palavra qualquer
Que sirva de ponte
Entre eu e o mundo
Não precisa me socorrer
Eu sei que é impossível
Eu só queria um poema
Só isso
Algo que me permitisse me comunicar
Em vez de enlouquecer
Nesse quarto escuro
Enquanto fujo
De tudo que há lá fora
E me perco de quem um dia fui
De repente sou este caos
De repente
Não tenho mais nada o que dizer

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