sábado, 8 de outubro de 2016

Duas lágrimas

Fazia tempo que eu não pensava em você.
Eu aprendi a não pensar.
Depois de tanta coisa, eu precisei. Não sei.
Acho que eu sempre soube menos do que deveria.
Ainda me lembro da minha psicóloga dizendo
Que você não era bom pra mim.
Mas nunca foi assim
Que eu escolhia as minhas amizades, não é?
Ninguém me disse que ter amigos
Seria tão difícil quanto não ter.
Eu sempre fui intensa demais.

Fazia muito tempo que eu não pensava em você.
Até que um dia, não sei ao certo,
Meu cérebro inventou de me pedir
Aquele último cigarro que eu me lembro da gente fumar.
Teve algum depois? Não lembro.
Talvez a minha memória seja pior que a sua.
Sonhei quatro noites seguidas com aquele cigarro. Eu nem sabia o nome.
Só me lembrava de você.

Abri teu twitter.
Tive vontade de te abraçar,
De conversar contigo,
De ouvir sobre os teus diversos problemas.
Tive vontade de estar perto de você.
Você tinha voltado a escrever.
Abri teu blog.
Aquele blog que eu tinha visitado
Tantas e tantas vezes
Na esperança de te encontrar
No meio do caos que tinha se instaurado.
Aquele blog, que tantas e tantas vezes
Esteve vazio de qualquer atualização.
Fervia.
Você escrevia um texto atrás do outro.
E eu li todos, quase agradecendo
Por poder te ler mais uma vez.

Tive medo de falar contigo.
Tenho ainda.
E se alguma coisa me assustar
E eu sair correndo
E te deixar aí sozinho
Mais uma vez?
Parece que tudo esqueci,
Mas eu não sei.
E se estiver tudo trancado em mim?
E se tudo sair?
Não sei.
Eu sempre tenho menos certezas
Do que eu gostaria.

Mandei uma mensagem.
Você respondeu a primeira,
Mas não a segunda.
E hoje enquanto eu vinha para a faculdade
Em meio à bagunça diária que eu vivo,
Eu chorei lendo um texto teu.
Continuo com medo.
Continuo com saudade.
Acho que ainda te amo,
Mas não sei.

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