O dia hoje parou.
Como um músculo cardíaco
Que esquecesse de mover-se,
Silenciou, calou-se,
Em obscuro protesto,
Morreu.
O céu amornou-se
Absteve-se de me gelar os ossos
Ou fritar-me a pele
Como um chá
Que tem que ser bebido quente
E engolido em uma única
E grande dose,
Sem respirar.
Em respeito à minha dor
Os pássaros não cantaram,
Meus pés não fraquejaram,
Lacunas e mais lacunas de tempo
Formaram-se
Para que meu dia queimasse
Mais depressa,
Teia tecida em atalho,
Pavio da vela
Que esqueci-me ontem de acender.
Hoje eu não tomei três doses de veneno
Na esperança de morrer.
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