Um olho gigante me observa no escuro
Arregalado, me engolindo
Colado na minha retina
e
ofuscando a habilidade de se fecharem as pálpebras
Aquilo me vigia
Eu sou um mar de culpa e crimes,
Um maremoto,
A maresia
Eu preciso quebrar no fim da onda
Na beira, na areia
Na borda
Eu preciso quebrar.
No escuro da noite eles comem
E no silêncio da carne desmaiada
Do surdo e do mudo
Da perda de todos os sentidos
E do infinito nada do não-átomo da antimatéria
Pulsa e pulsa e pulsa como uma maratona que pairasse entre morte e vida
E tento ter olhos para ver
Pele para sentir
Alma para existir
Tento abrir os olhos
Mas sou um não-átomo do átomo
Do que formou o mundo e o equilíbrio da forma
Não enxergo um átimo,
Não o percebo
Se não o reflexo dos olhos grandes elétricos
e a fome das bestas
O tempo e o mundo, se existem, em outro plano
Eu e eles aqui e escolho o ciclo.
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