Me debruço sob o mármore da janela
Fucinho na brisa gelada, pelada
Como um cão de apartamento buscando ansioso a fuga
Uma criança enrolada em sua toalha pequena
E o lago na sala
Eu sou uma sereia à luz do luar
Buscando o mar
Com meus cabelos molhados
E me escorre o ouro pelos dedos
É tudo tão efêmero
O ar é tão seco, para ser tão fresco
Me racha
Me humanizo
Granizo,
No lugar de chuva ou oceano
E minha cauda, minha capa
Me escondo
Do quê?
De quem?
Por que a criança chora?
E se ela bebe um copo d'água, por que
A fuga continua?
Tomo ar milhares e milhares de vezes
Incessantemente
Afundo, âncora
Chumbo
Cidade submersa
Oceano puro
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