E ainda assim corriam no meio do caos e contribuíam com o pânico geral, enquanto os vagalumes acendiam seus traseiros irritantemente como flashers que me tentassem uma desfibrilação luminosa, agulhadas de enxaqueca, e em algum lugar perdida uma cigarra cantava me atordoando os ouvidos, eu quase não ouvia mais nada se não o som neutro daquela cigarra que não se podia enxergar... E então havia essa joaninha perdida no centro de tudo. Os insetos corriam em círculo como uma competição de fórmula um, corrida perigosa, e ela pensava "como vou escapar daqui?" Eu conseguia ouvir seus pensamentos. Eu ouvia todos os pensamentos daquela arena. E eu ouvi seu desespero em tentar sem sucesso encontrar uma saída, uma brecha, um plano de fuga sequer. Uma esperança de escapar. Até que surgiu uma mariposa. Ela grande e misteriosa. Não mostrava as suas asas abertas, não dava pra ver a sua idade, mas ela tinha uma aura de gente muito antiga. Ela se sentia assim, antiga. Saiu das sombras e deu um vôo tão rápido que ninguém conseguiu entender bem o que aconteceu segundos antes que a corrida desmoronasse e a joaninha tivesse a chance de escapar de lá. Eu fui com ela.
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