Pregue uma cruz
Pregue seus dedos
E a palma da sua mão
Não pregue o perdão
Ou qualquer tipo de paz
Não finja, não pense
Olhos ultra abertos
Pregue a guerra
Pregue a morte
Pregue as pálpebras nas sobrancelhas
Pra nunca cair no sono
No tédio, o ápice da vida
Pregue o fim da vida
O fim do ápice
O fim dos tempos
Pregue em suas têmporas,
Um em cada
Pregue suas costelas,
Os ossos, as moelas,
Através delas,
Pregue o sangue
E a dor
Que é a única linguagem
Que lhe resta
Ou restou
Pregue um a cada minuto
Até cobrir o corpo
Até cobrir-se de inimigos
Até encher o recinto
De todas as pragas
Pregue-se à última ideia
A um conforto desesperado
A um puro desespero agonizado
Ou qualquer coisa crítica, aflita, vívida, explícita, obscena,
terrena e ácida
Mas não pregue os olhos.
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