Descamam a pele,
Me fazem de uma sereia, um peixe feio
E eu odeio peixes
A manifestação em meu pescoço
Se alastra
Como um incêndio em temporada seca
Fervendo a minha pele em brasas e agonia
Tornando-a irmã
De minha queratina fina
Meus dedos com suas unhas afiadas
As afiam nos móveis, nos cobertores, nas paredes
Nos dentes
Na pele, em si próprias,
Nos cabelos
Garras de gato, agulhas
Que lanham meus ferimentos
E os abrem e os expõem cada vez mais
Para que entrem seus invasores
Com seus movimentos
Para que mais me queimem,
Mais me ardam,
Mais me borbulhem
Como um refrigerante triste
Como um refrigerante ácido
Que limpa os azulejos
Os vestígios
Bicarbonato de sódio
Com vinagre
Uma combustão de mim sujando o recinto
E os desinfetantes
Dentro de mim
Tentando me desintegrar
Meu corpo tenta limpar-se de si
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