sábado, 24 de dezembro de 2016

Family Night

A solidão me arranca
Do mundo, do espaço
A depressão me porra
Num canto
E o resto me assiste sangrar
Dois olhos abertos
E o sereno martelo
A martelar
A voz que espreme resiste,
Aflige, certeira
Em todos os males
Em todos os pontos
Algum vai ceder,
Algum sempre cede
Desencanto.

Desbota,
Descolore,
Desaparece.

Com os fios
Que arrebentam do escalpo
Eu teço uma corda
Pra laçar o meu pescoço
E se não é isso
O ensurdecedor alento
Dos pássaros
Me cava e soterra no ar

Com que propósito
Eu deveria sequer cantar?

O silêncio me doma
Os sorrisos sinceros
Desfazem minha face
Tão dócil, tão gentil
Tão lá mas que cá
Tão nada.

Eu queria poder estar ali.

Se me mata
Um último verso,
Friamente,
Para não mais arder
Essas entranhas
Que de mim querem saltar,
Eu deixo que desfaça
O mundo inteiro
A solidão, a fala
E janeiro

A dor fica
Tudo que eu quero é descansar.

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