Queria dormir.
Queria escrever.
Queria cumprir minhas tarefas,
Mas sento, congelo
E penso em você.
Penso em todas as desgraças da vida,
Nos meus amigos sofrendo,
Na interminável briga com a minha mãe.
Um amigo me disse
Que meus textos não são mais os mesmos.
Não consegui esquecer.
Sei que me perdi.
Sei que não mais sou
Quem antes era.
E se um dia eu gostei de ser
Aquela alegre menina,
Ninguém nunca me ensinou
Que tudo passa.
Que quem a gente é também acaba.
Não só os dias tristes,
Mas os felizes também.
Todo começo carrega um fim.
Às vezes penso,
Queria antes terminar logo de uma vez
Com esta minha vida,
No lugar de insistir
Em perder tudo que tenho.
Desde a dor que conheço
Ao sopro distante
Da fé que um dia tive.
A única esperança que me restou
Atende pelo teu nome,
Tem os teus fios escuros de cabelo,
E todas as tristezas que confeccionam
Teu passado.
A única coisa que me ameniza os dias,
Em sua repetição insuportável,
É você.
Eu poderia dizer que de ti dependo
Para viver.
Não seria verdade.
Eu poderia alegar
Que a tua perda, como qualquer outra,
É apenas para ser superada,
Porque afinal precisamos sobreviver.
Você não entenderia
Por que tanto falo de perda
Ou por que eu tanto insisto
Em me perder.
A minha vida sem ti, seria outra.
Enxergo meus dias mais céticos,
Mais mornos e conformados,
Monótonos,
Sem você.
Você é o único que me faz
Querer lutar por alguma coisa.
Me tira da farsa
Que o mundo verdadeiramente é.
Eu sento, sentindo o gelado na minha espinha,
As costas desconfortadas.
Nego meus afazeres,
Como se eu tivesse alguma escolha perante a vida.
Você está distante,
Então eu me distancio ainda mais,
Para que a falta de sentido
Se sinta de maneira mais cruel
Dentro de mim.
Preciso aceitar a água que escorre por aqui.
Meus olhos pesam na perspectiva
De um dia que não terá fim,
De uma possível vida eterna
Que eu nunca desejei,
De mais um milhão de perdas
Que terei que aceitar.
Escrevo este texto,
Porque perdida ou não,
É tudo que sei fazer.
Eu só sei escrever textos,
Derramar algumas lágrimas
E te amar.
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