Ela dançou na minha frente, alegre. E eu continuava pasma. Imóvel.
- Por que você vai por aí? Aonde está indo? Vem comigo!
E ela se foi na direção contrária. Na mesma calçada que eu, porém no ar.
Não a segui. Permaneci imóvel. Ou quase. Me movia o suficiente para acompanhá-la com os olhos.
- Querida? Você não vem?
Ela deu meia-volta. Veio em minha direção. Passou por mim.
- Posso ir com você se você quiser...
Não entendi por que ela mudou de ideia. Não entendi por que ela resolveu ir por ali. Continuei imóvel.
- O dia está lindo, não está?
Sim, está. Pensei. Maravilhoso. Mas ainda não podia me mover. Acima de tudo, eu precisava continuar observando. Era como o momento de beleza mais sublime no universo. Era realmente necessário parar a vida para observá-la.
- Vamos!
Era como se ela me chamasse para ser feliz. Felicidade. Tudo cintilava ao sol. Ela dançou na minha frente e subiu.
Não a alcançava mais. Meus olhos se esforçaram para não perdê-la de vista. E ela me dizia:
- Tudo bem, você está certa! O mundo é nosso!
E foi por aí. Saiu voando.
E eu vi.
Eu vi o perigo chegando. Como uma tempestade.
Os monstros indo e vindo. Ela dançava alegre entre eles.
Adrenalina.
E então, cansaço. Talvez tristeza.
- Vou descansar agora. Você não quer vir comigo, mas está tudo bem... Está tudo bem agora.
Não.
Não!
Não...
Negação. Ela não podia morrer.
Tão calma...
Talvez a felicidade seja paz.
O mundo veio e a devorou. Os monstros. Passaram por cima e ignoraram sua importância.
Bom, eles me ignoraram também.
Eu quase fui dessa vez. Eu quase fui...
Eu continuava imóvel. Estatelada. Em choque.
O dia estava lindo. Voltei ao mundo e continuei meu caminho rumo ao nada.
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