- Bom dia!
- Bom dia.
Sorrio ao responder numa tentativa fracassada
de reaproximação. Ela sorri de volta um sorriso falso. Quase assassino. Não sem
demonstrar sua simpatia venenosa. E só me faz querer estar ali com ela de novo.
Não posso, nenhuma das duas permitiria. É torturante.
Se senta ao lado
dele. Não é novidade a facilidade dela para se ‘doar’ a alguém, ou a sua
necessidade de aparentar intensamente libidinosa. Recosta nele. Eles estão tão perto... Ela
resolve interagir. Fala comigo, sentada no colo dele. E todas as reações dela
enquanto ele a aperta. Os olhares... Eu conheço tudo. Ela nunca foi minha, na
verdade. Posso sentir na minha coxa o peso dela que ele sustenta agora. Ela
sorri. Sorri como sorria nos quartos comigo. E em qualquer outro lugar em que
estivéssemos a sós. Ela sempre teve esse dom de convencer a lealdade
inquestionável apenas com o olhar.
Me olha como se
fosse minha, o olha como se fosse dele. E se exibe aos dois ao mesmo tempo.
Deixa incomodamente explícito o que ela faria se não houvesse mais gente por
ali. Sua boca, suas coxas, suas unhas. Seu corpo conversa com a gente e não
nega muito do que diz a sua voz. Gargalha e modela sua farsa, tão fácil de segurar nas mãos
quanto água.
Foge com ele ou
sozinha... Uma borboleta negra dançando dócil e fatal. Mais um dia de semana
cansativo. Mais um dia sem ela. Mais um dia só.
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