quarta-feira, 15 de junho de 2016

Escritora

Eu não poderia nunca
Viver sem escrever.
É isto que sou,
É isto que faço:
Escrevo.

Tampouco poderia
Viver de escrever.
Não posso depender
Disto que faço
Ou de quem sou,
De fato.
Sou incompleta,
Instável.
Eu morreria de fome.

Claro, escreveria
Todos os dias da minha vida.
Com ele, o dobro até.
Não muito levaria
Até que me tornasse tinta no papel.

Mas isto que sou,
Dentro,
Esta solidão
Ou este corpo
Que aguento
Não pode ser jamais
Produto.

Eu doeria
Tanto lá
Quanto cá
Em profunda agonia.

Todavia,
Esta mentira que carrego
Por vezes doi os ossos,
Como tivesse me abandonado
Em uma esquina gélida qualquer.

Mas a companhia que sinto
Sentando-me na janela,
Pincelando a minha aquarela
De sensações,
Vale todo o silêncio
Que ofertei ao mundo.
Suporta o vazio de tudo.
Me salva
De ter que viver.

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