sexta-feira, 16 de setembro de 2016

Trinta e cinco, cento e cinquenta

Um amargo na boca
Uma tristeza que nunca acaba
Eu costumava te odiar quando criança
Agora você me faz sentir em casa
Uma risada produzida
E incessante
Toda uma vida
Na expectativa de voltar

Não tem volta
Não tem pra onde ir
Lá na frente
O que espera
Não é nada que um dia tenha desejado
Então por quê?
Para apenas suportar
O que hoje já falta?
Também vai faltar amanhã
Como faltou ontem
Como tem estado ausente todos esses anos

Uma gota ou duas
Deve bastar
Só mais cinquenta
Triplica
Tem um gosto enjoado
Meio de doença
De resfriado forte
Dá um pouco de vontade de dormir

E se eu dormir
Vai ter mais alguém pra me bater?

De qualquer modo,
Parece certo
Tudo isso parece certo
O limbo
A dor simbólica
A punição tão falsa e indolor
Como qualquer dor que se sinta
Na vida física

Uma apatia alterna
Com crises de pânico
E lágrimas sufocadas

Eu me afogo hoje
Amanhã acordo em chamas
Depois de amanhã me mato
Não sei
Ontem não me matei
Mas ontem também não quis viver

Se ainda há algo
Qualquer algo
Que mude o que tem sido
Durante a eternidade
Da realidade em que me encontro
Espero que me encontre
O quanto antes
Agora

Porque você sabe
Tá na hora
Não demora muito e
É aquilo
Eu tô quase desistindo
Eu tô quase quase
Eu quero ir
Embora
Daqui

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