Meus lábios meio dormentes, meio mortos
intoxicados e transtornados,
invadidos por algum monstro bêbado que puxei pra perto;
As mãos me violando as roupas íntimas,
o hematoma nascendo nos seios
e as unhas sujas, mal cortadas
tentando me partir em duas por dentro da calcinha
amarelada de urina
do banheiro sem papel ou sabonete
com cheiro de vodca vomitada;
Meus cabelos lacerados,
ímpeto destrutivo:
nunca vou me torná-la;
Maquiagem borrada, suada, falha,
batom desbotado dos copos, marcados, latas,
bordas vermelhas, pisoteadas no chão, lameado;
Ponto circular corroído na saia emprestada,
do décimo cigarro da noite,
isqueiro dentro do maço, maço na mão,
pulmões comprometidos;
Pés estraçalhados,
dedos moídos,
garganta seca, voz danificada,
sentada na escada,
num canto qualquer, sentindo uma brecha,
uma brisa, um pedaço de lua,
uma tristeza profunda,
um desespero surreal.
Nenhum comentário:
Postar um comentário