Cada abraço tem vida própria
Única
Como um ser
Que fosse nascido
Pra morrer em alguns instantes
Às vezes não te toco.
Os dias nascem e morrem
No horizonte cego
E estou longe.
Não sinto seu coração,
Não sei das coisas que faz,
Do mundo que sente,
E nem se te arrancasse os olhos,
Me fizesse lente,
Eu conseguiria enxergar tal qual.
Às vezes não nos conhecemos.
Tem dias
Em que escuto pelas frestas
Um eco distante de teus murmúrios,
O arranhar macio de tua digitais
Marcando toda a parede do corredor.
Tem dias, sei,
Em que me ouves chorar
Baixinho, baixinho
Sob as cobertas
Dizendo que perdoo o carnaval
Por despedir-se assim
Sem me encontrar.
E se me encontra tu
Ou ele,
A festa da morte ou
Um sonho breve de depravação,
Eu conheço meus dois braços gordos
De sempre
Que não os reconheço no espelho
Mas que sei usá-los
Prontos para atar em ti
A minha solidão.
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