Me doi o tornozelo
E toda a parte direita
Da estrutura de minha coluna
Desde as omoplatas à bacia
Destruída
Moída feito acidente de trânsito
Um caminhão
Que passou por cima de mim
Doi
Meu pulso direito
O dedo mínimo exausto
E sinto uma pressão
Em meus ouvidos
Nada faz sentido
E se é o sentido
Que me dá forças para suportar a vida
Não sei mais o que faço
Para continuar a viver
Você se despede, doente
Depois de uma porção minha de risadas
Minha noite se descolore
E eu odeio meu reflexo no espelho
Tudo que existe é passado
Nada que tenho vivido é real
Procuro Isabel
Que um ano atrás
Estaria me salvando dessa loucura
Me jogando no mundo,
Tentando coisas,
Pulando glitter,
Do lado de fora da casa
Com alguma vontade de ser alguém
Mas agora
Como todas as vezes
Que existem depois do bem
Me sinto morta
Perfurada pelos estilhaços
De meus próprios ossos
Destroçados
Torrada
Pelo calor
De minha própria proteção
Me sinto morta
E nem mesmo com todas as minhas dores
No meu tornozelo arrebentado
Ou vértebras quebradas
Na minha infinita dor muscular
E náuseas
Nada disso
Me prova que estou viva, aqui
Nada me faz querer
Continuar aqui.
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