Ela sempre dava respostas incompletas, e usava seus termos vagos como se a vida fosse uma grande poesia. Ela sempre nos fazia buscar mais, refletir, peguntar. E aguçava nossa curiosidade. Ela transava com todos os homens, e todas as mulheres que tocavam sua alma. E quando amava - ah, o seu amor! -, amava de todas as possíveis formas. Ela nunca teve uma noção muito boa dos limites. Ela era até onde podia ser, e quando não podia ser o infinito, ela morria. Ela morria ao menos uma vez por semana. E só não poderia compará-la a uma borboleta luxuriosa porque ela estava em constante metamorfose. E nem sempre precisava de um casulo. De qualquer forma as suas asas eram negras, e se perdiam na noite. Ela se afogava em solidão. Dizia ela, que sem eles ela não existiria. Que a vida era sempre muito pouco, e que um dia ela ainda amaria a lua. Se ela pudesse, treparia até com a mãe natureza. Com os rios, com os matos, com a chuva. E se o vento a quisesse engravidar, ela permitiria. Ela não ligava pra nenhum aprendizado. Ela não queria uma casa que não fosse gente, que não fosse viva. Ela vivia por aí perdida. E poucos a viam chorar. Suas lágrimas eram raras como as de um unicórnio, mas não se tem notícias de nenhum poder sagrado vindo delas. Gostava de todas as cores, de todos os sabores e de todas as histórias. Ela era só um pedaço bonito do mundo, e sumia tanto que temia desaparecer. Ela queria ser lembrada, queria nunca ser esquecida por ninguém. Queria saber que existia, que sentia de verdade. Queria saber o sentido escondido da vida. E decidiu que o sentido era ser. De todas as maneiras que pudesse. E foi. E foi tanto que um dia ela se cansou tanto de ser que resolveu evaporar. Sumiu do mapa. Ninguém mais soube dela. Às vezes eu sinto saudade e fico olhando pra lua. A lua me disse que também a ama.
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