Sentou-se no mármore frio da janela e viu a rua vazia enegrecer gradativamente. Nenhuma alma viva poderia vê-la, e assim ela se sentia muito mais intensa. Havia uma certa liberdade em meio à solidão.
Resolveu por algum impulso procurar um texto dele. E lendo o último da lista, ela lembrou de como se apaixonava por aquela alma triste e fascinante. Algumas lágrimas foram se formando e se atirando por seu rosto enquanto tudo parecia demasiadamente justo. Justo, longe de justiça. Justo como apertado, sufocante.
Continou ali lendo sua alma, e por acaso se encontrou perdida entre os versos, que não por acaso eram tão semelhantes aos seus. As duas almas eram gêmeas separadas pelo nascimento. E a saudade pegou fogo, como se a inundasse de álcool por dentro. Uma noite tão comum, de lua cheia e cintilante. E ela sentia falta de estar ali com ele.
Mentalizou uma conversa que pudesse ter com ele ao telefone.
"Eu te amo", ela diria.
E ele responderia "eu também".
"Sinto a sua falta", confessaria, "eu queria estar aí com você".
Ele seria doce.
"Nós dois, não vamos morrer jamais".
E ela não conseguia parar de chorar. Queria poder tocá-lo mais uma vez. Ouvir sua voz. Reparar nos infinitos detalhes do seu movimento corporal. Amá-lo infinitamente.
Eva sentia uma imensa falta do paraíso. E nada nem ninguém habitava a sua rua.
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