quarta-feira, 11 de maio de 2016

Cachorro-quente

  Ela estava deitada na cama. Uma camiseta preta aleatória e uma calcinha listrada azul e branca. Aguardava inerte, rosto mergulhado no travesseiro, bunda pro alto. Respirava forte. Resolveu se sentar. Estava inquieta. Abraçou os próprios joelhos, deixou que o cabelo cobrisse seu rosto. Queria se esconder.

- Voltei.

  Ele tinha ido na cozinha pegar dois cachorros-quentes para eles. Parecia radiante. O sorriso dele fazia parecer que ela ia derramar de alguma forma. Como se fosse toda líquida. Ela teve o impulso de ir beijá-lo ali naquele instante, mas não conseguiu se mover.

- Tá tudo bem? O que houve?

  Ela o olhava fixamente, como estivesse perdida em outra dimensão.

- Eu não quero ir embora.

- Mas ainda faltam três dias.

- O tempo passa rápido demais quando eu tô contigo. Eu não quero ir.

  Ela cobriu o rosto com as mãos. Ele deixou os cachorros-quentes sobre a mesa. Estava se virando para ir abraçá-la quando num sobressalto ela o abraçou. Apertou-o com toda a força que tinha. Deu beijos soltos nos braços dele e depois em seu rosto. Encostou seus lábios nos dele de tal forma que um calafrio subiu pela sua espinha. Ele a puxava contra o corpo dele. Ela enfiou seus dedos pelos fios de cabelo dele e interrompeu o beijo para o olhar nos olhos.

- Eu vou sentir falta do seu cabelo. Eu vou morrer de saudades. Eu te amo muito.

  Ela sorriu pra ele. Ele sorriu de volta.

- Eu te amo bem mais.

  Ela riu e pegou um dos cachorros-quentes da mesa.

- A gente vai comer agora, né? Eu tô morrendo de fome.

- Você tá sempre com fome.

  Ela o olhou como se fosse dizer alguma coisa, mas já estava com a boca cheia demais pra falar. Sentou-se na cama e o puxou pela camiseta pra sentar também. Eles comeram juntos. Ela quase engasgou várias vezes porque não conseguia parar de rir olhando pra ele.

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