Não há relojoeiro capaz de consertá-lo
Eu queria que fosse noite nos meus textos,
enquanto escrevo,
Como é em todo o resto
As horas e os dias
E todos os momentos que transitam
Gangorreando
Como se nunca deixassem de ser
exatamente o mesmo
único instante a acontecer
Eu não sou mais capaz de apalpar o sol
Ou tatear o vento
Discernir o dia
Ou ouvir os pássaros
Eu me tornei o ser etéreo o qual eu temia
Que vagasse a casa sem rumo
E sem vida
Sem intento
Uma sombra do meu próprio eu
Uma sombra invisível
Inodora, muda,
Inacessível
Inexistente
Estou a três passos de tirar minha vida
Três é meu número preferido
Costumava ser quando eu era humana
Mas eu não sei se eu ainda sei contar até três.
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