sábado, 30 de outubro de 2021

Geleia magnética

Me digo um plástico, elástico
Um emborrachado alienígena
Mas racho, um cimento velho, asfalto
Me espatifo em mil pedaços,
Argila, barro, blocos deslocados,
Costurados, pendurados,
Por minhas articulações de pano

Quero fazer uma casa na água
Virar de vez um peixe
Ir morar debaixo
A gravidade doeria menos
Meus pulmões não serviriam de nada
E nadar certamente cairia bem 
Como um exercício

Porém tenho pensado,
Se não desmorono
ou deságuo
Poderia fazer um som nos meus cacos?
Será que se eu criasse alguma melodia,
Faria sentido,
Como as poesias que escuto
até que me explodam os tímpanos
Ou
Eu só faço sentido assim em silêncio 
e invisível;
Uma geleia de nada?

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