Que sou eu
Que não sou quem sou
Uma outra qualquer
Um corpo sem recheio
Eu tento convencê-lo
De que não sinto
De que não existo
Sou apenas um reflexo
Feito pra sorrir pra ele
O que ele me mostra ou
Deixa de mostrar
As escolhas minuciosas
As escolhas negligentes
Eu tento provar pra mim mesma
Que já deixei de me ser
Mas é tudo um grande ato
E no intervalo
Eu me ameaço de morte
Com a faca
Amolada, entre minhas coxas
Se você não sente medo
Não ouviu o que eu disse
Tenho gritado em suas orelhas
No seu encalço
Brincando de nos desmoronar
Você não me conhece
Você é um estranho
Como são todos à minha volta
E por isso minha fantasia alienígena
Meus óculos de vespa
Eu pensei que eram de abelha
Até que...
Eu gosto de quem tem medo de mim
Eu também tenho
Eu tomo dois calmantes
Ou arranco um pedaço
De mim ou de você
Talvez eu devesse te dar umas sementes
Mas não sei o que nasceria dentro de ti
João acreditava em árvores
Eu acredito em decomposição
Adubo, é disso que as plantas precisam
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