domingo, 7 de julho de 2013

.Amor.

   Ali estava ela. Novamente nua em sua cama. Aparência deplorável. Seu cabelo estava absurdamente desgrenhado. Ele a observava.

  - Não chegue perto - ela disse.

   A voz dela era firme e levemente agressiva. Não o atingia. Ele mais que ninguém já estava habituado. 

  - Por quê? - ele permaneceu calmo.

    Ela mostrou sutilmente a lâmina. Tinha algo escrito em seu braço esquerdo. Ele tentou ver, ela o escondeu.

  - Não quero que veja. Saia!
  - O que você vai fazer, Talita? - a voz dele engrossou um pouco, ainda baixa.

   Ele se aproximou até que pudesse ler. "Miguel".

  - Você não vai me impedir!
  - Ah, mas vou sim!

   Ele tomou a lâmina da mão dela, não sem antes cortar os próprios dedos tentando pegá-la.

  - Por que você sempre interfere em tudo que eu faço?

   Ela começou a chorar. Ele pôs os dois dedos que sangravam nos lábios molhados dela. Ela os lambeu.

  - Eu te amo - ele explicou.

   Os olhos dela se fecharam com força. Ela mordeu os dedos machucados. Beijou-os em seguida.
   Ele gemeu. 

  - Eu queria provar pra você. Pra não duvidar mais de mim. - a voz dela agora era agressiva e macabra.

   Ela olhou no fundo de seus olhos. 

  - Ah, para com isso.

   Ele pôs as duas mãos em seu pescoço. 

  - Hm... Ahr... Cof-cof. 

   Ele apertou com mais força.
   Ela perdeu a voz.
   O olhar dela se tornou amável. 
   Ele soltou as mãos

  - Eu te amo, Miguel. 

   Ela tentou o beijar. As mãos dele voltaram ao seu pescoço.
   Ele sussurrou em seu ouvido.

  - Não seja estúpida. Eu amo você.

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