Ali estava ela. Novamente nua em sua cama. Aparência deplorável. Seu cabelo estava absurdamente desgrenhado. Ele a observava.
- Não chegue perto - ela disse.
A voz dela era firme e levemente agressiva. Não o atingia. Ele mais que ninguém já estava habituado.
- Por quê? - ele permaneceu calmo.
Ela mostrou sutilmente a lâmina. Tinha algo escrito em seu braço esquerdo. Ele tentou ver, ela o escondeu.
- Não quero que veja. Saia!
- O que você vai fazer, Talita? - a voz dele engrossou um pouco, ainda baixa.
Ele se aproximou até que pudesse ler. "Miguel".
- Você não vai me impedir!
- Ah, mas vou sim!
Ele tomou a lâmina da mão dela, não sem antes cortar os próprios dedos tentando pegá-la.
- Por que você sempre interfere em tudo que eu faço?
Ela começou a chorar. Ele pôs os dois dedos que sangravam nos lábios molhados dela. Ela os lambeu.
- Eu te amo - ele explicou.
Os olhos dela se fecharam com força. Ela mordeu os dedos machucados. Beijou-os em seguida.
Ele gemeu.
- Eu queria provar pra você. Pra não duvidar mais de mim. - a voz dela agora era agressiva e macabra.
Ela olhou no fundo de seus olhos.
- Ah, para com isso.
Ele pôs as duas mãos em seu pescoço.
- Hm... Ahr... Cof-cof.
Ele apertou com mais força.
Ela perdeu a voz.
O olhar dela se tornou amável.
Ele soltou as mãos
- Eu te amo, Miguel.
Ela tentou o beijar. As mãos dele voltaram ao seu pescoço.
Ele sussurrou em seu ouvido.
- Não seja estúpida. Eu amo você.
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