Hoje seus olhos já não me foram convidativos, nem mesmo perturbadores.
Senti um suave desgosto pela sua existência, mas nada desabou em lugar algum. Meu ponto final pendulou no céu, e estava entregue. Como um coração que saísse pulsando pela guela acima, por cerca de um minuto e meio.
Não me atrevi a tocar-te, ou mesmo deixar escorrer de mim qualquer resquício de afeto. Restou apenas uma simpatia elegante de letra maiúscula iniciadora de capítulos. E é assim que deve ser.
Você deve estar na página seguinte como mero enfeite ilustrativo, como a sombra da árvore número três na floresta incrivelmente interessante em que alguém fez o favor de se perder - para que assim houvesse algo a ser escrito. Não tronco, nem flor. Nem vento, nem borboleta. Apenas uma folha de inverno, caída entre outras mil. Vírgulas do meu passado, e no seu caso apenas um ponto necessário no lugar das reticências.
Um contexto a ser modificado. Um instante ultrapassado no ritmo disforme em que eu sinto a vida.
Hoje você durou apenas alguns segundos. E não tardando muito para esta memória se derreta incolor nas minhas veias, escrevo mais um adeus às tuas coisas.
Expiro-te do meu pulmão, e segue uma tosse. Só há fumaça onde você está. Minha mente há de superar essa poluição.
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