sábado, 4 de julho de 2015

Gruta

Eu tenho olhos
De quem quer chorar
Sobre
O fim da amizade
Da série

Ou fim da despedida
Da fé que eu tinha
Em alguém que
Por acaso
Sabia
O que eu queria

E me fez finalmente acreditar
Para despencar do prédio
No duzentézimo andar
Do arranha-céu
De esperança

Tenho também
Costas arqueadas
E um peso diário
Que doi
E repuxa
As tristezas tortas
Até o estômago
Embrulhar-se
Todo

E afinal,
Além do medo
E da culpa

Da tristeza
Da dor
Da agonia

Eu tenho pés
Enraizados
Na madeira
Desafixada
Que sustenta
O colchão,
No chão,
Nas paredes brancas
Sujas,

E um enorme espelho
Que acolhe
Todo corpo
Renomeia
E dá sentido

Eu tenho vontade
Entendimento
E ciclo

Planta que chora
Como a gruta
Que apenas escorre
Pinga,
Pinga
Existe
Sobrevive

É atração
E ainda contém
Certa beleza

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