segunda-feira, 6 de julho de 2015

Tapete, tecido, tripa

Erro meu
ter ido salpicando teus vestígios
por todo o corredor e quartos
Eu via beleza
em todo aquele pó:
cintilavam as cores
e agora todas elas se decompõem
Há tantas coisas estragadas
lixo por todo lado
Eu preciso limpar
cada canto
escondidinho:
os rejuntes, as dobras, as pontas
Eu preciso limpar
a casa toda
para não te esbarrar por acaso,
sentir teu cheiro
e me deparar com outra crise alérgica
Meu pulmão piora quase todo dia
São os escritos,
as vozes,
as fotografias,
e até as cicatrizes
(como eu me livro delas?)
Foram-se
conversas e nomes
Foi-se um pouco agora,
o que eu me lembro,
números,
pontes,
os pontos só vão sair
mês que vem
talvez
A única sujeira
perdoável
em toda essa lama asquerosa
na qual você me fez chafurdar
é a que aqui mora
porque o que nasce
nos órgãos internos
nada alcança
É sagrado

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