terça-feira, 5 de abril de 2016

Lustre

Tudo que eu faço
Faço como se fosse doente
Não é exatamente o que eu desejo
Não quero ser louca
Não quero ser sofredora
E acima de tudo
Não quero passar uma vida
Racionalizando tudo que eu sinto
Eu quero viver
Quero sentir as coisas
E aceitá-las o máximo possível
Quero compreender o mundo
Através do espírito
E não simplesmente pensar
Sobre tudo que existe
Sobre tudo que sou
Eu quero a arte
E como ninguém entende
Eu tento me explicar
Mas não devia
Porque tudo que me importa
O que pra mim faz algum sentido
É o que só é dentro de mim
Quando fecho os olhos
Por tempo indeterminado
E quando os abro de novo
E descubro um mundo
Completamente diferente
Aí eu quero viver
E quando me arrepio
Em pensamentos diversos
Quando a água se parte,
Competindo espaço comigo
Quando o ar me toca
E me aperta
E me aprisiona
Ou até me espanca
É aí que eu sei que estou no lugar certo
Não existe nenhuma outra maneira
De viver valer a pena
Se não for por esses momentos absurdos
Que sinto, que sou
Que almejo por já possuir

Pudesse eu tocar o meu amado
E senti-lo assim
Pudesse eu compartilhar
Todo esse sentido
Que é cravado em minha carne
Acho que alcançaria
O topo
De toda a vida
E todas as minhas dores
Se tornariam
Um infinito gozo

Ele não faz ideia
De quem sou
E de que o amo
Tudo bem
Esta solidão é tão minha
Que quando ela doi
Desidratando o meu ar
Eu sinto que ainda dá tempo
De amá-lo mais uma vez
E me sinto em casa

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