sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Carta a Miguel n°4

O que eu queria te dizer. 

Se possível, ainda hoje.

    Querido Miguel, poderia chamá-lo de meu amante fixo. Os outros não são. E honestamente, não possuo nenhum carinho especial por nenhum deles, nem mesmo pelas maravilhosas mulheres. Imaculadas. Meu querido iludido, acho que eu devia te lembrar que eu não sou sua. E a cada vez que você sente minha falta, pode ter certeza, estou transando com alguém. E talvez não seja um só. Querido masoquista, eu sou uma puta. E bem mais fodida (um pouco literalmente) que você. Talvez esteja em tempo de você dar no pé. E tá pensando nisso já faz um tempo, não é? Amor, eu sou uma puta mesmo. Eu ando por aí dizendo que quero ser estuprada, e quem sabe um dia eu consigo, não é? Estou atraindo confusão, e isso não é novidade. Nunca estou fodida o suficiente. Porra, amor, eu sou uma masoquista ninfomaníaca, e o que você vai fazer a respeito? Se salva logo, tira o teu da reta. Você vai cuidar de mim se eu me machucar? Mas eu peço tanto... Você podia me quebrar todinha. Ou me matar. Me mate apaixonadamente, todas nós sonhamos com isso. Meu amor, eu ando por aí traindo todo mundo, vomitando compromissos e extraindo meu sangue. Filtrando a fumaça em meus pulmões nada novinhos. E também nos seus, amor, eu gosto disso. Sempre que te vejo sendo igual a mim, chego perto de um orgasmo emocional. Gosto de te machucar, e gosto de como se contorce quando te seguro pra te cravar as unhas, ou te estrangular. Gosto da ideia de te sufocar, e você não faz ideia. Meu anjinho, eu tenho um ódio voraz de você. Ou seria um amor agressivo? Não consigo pensar em não te machucar quando estou perto de você. A menos que já esteja me machucando, você sabe... Não é à toa que eu coloco suas mãos em meu pescoço e adoto a postura de submissa. "Por favor... Eu preciso ser machucada." Falo baixo, com a voz doce. Tão vulnerável quanto uma garotinha de 3 anos de idade. Meu amor, há algo errado. Eu sou muito errada para estar ao seu lado. Para já ter estado com você algum dia. Amor, eu sou uma puta, eu sou uma puta. Uma puta suja e deprimente. Fuja, amor. Me deixe morrer sozinha. Cortar os pulsos... Queimar a alma. Já sou toda podre amor, vá enquanto é cedo.

P.S. Passarei a noite fora, e talvez toda a semana. Estarei em qualquer beco por aí. Se cuida.


          Da nunca sua, intoxicada Talita.     

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