- Vá, puta.
Os olhos dele me percorriam enojados.
- E se eu ficar? O que você vai fazer?
- Se você ficar, eu vou.
- E me deixar aqui sozinha?
- Exatamente.
- E você teria coragem?
- Claro que sim.
- Disse que não viveria sem mim.
- Eu tenho ela.
- Claro que tem. E não precisa de mais nada. Posso até me matar...
- Não faça isso.
- E por que não? Nem sei como eu vou viver longe de você. Eu nem mereço...
- Não seja tão dramática!
- Tudo bem, não serei. Rocha gélida, é como você gosta, não é? Eu sou insuportável e repulsiva. Meu calor é condenável. Sou uma puta.
- Não gosto quando você é fria, você sabe disso.
- De que me importa o que você gosta? Você nem se importa comigo!
- Eu me importo...
- Lá vem você com suas mentiras. Por que não diz logo que tem nojo de mim? Devia era me matar...
- Você me cansa.
- Enfim, uma verdade! Estou mais suja do que estava antes...
- Por quê?
- Você me despreza porque eu sou uma puta. Porque eu gosto da dor e das coisas ruins. Você me considera inferior. Você me odeia. Não sou gostosa o suficiente... Arg! Como eu odeio você!
- Eu não te odeio.
- Mas eu te odeio! E não acredito em você. Queria que você morresse. Queria te matar com minhas próprias mãos!
Minhas mãos foram por impulso autônomo ao pescoço dele. Apertaram assassinas até que eu recuperasse a minha consciência moral.
Fui embora.
Foi uma pena ele não ter morrido. Continuei ninfomaníaca e suja.
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