Fiquei doente.
Por um momento, pensei
que minhas mãos estivessem com defeito.
Tive medo de não conseguir mais escrever.
Vi que esse não era o meu problema
quando meu coração disparou
e se manteve acelerado
por mais de uma hora direto.
Meu pulmão fazia força desesperado.
Eu estava hiperventilando e achando que
era tudo pura ansiedade.
Pronto. Logo mais eu tinha febre,
exaustão, dores no corpo,
uma garganta ferrada,
uma dor de cabeça chata e muito frio.
Não precisava ser nenhum gênio
para descobrir por que eu estava doente.
Eu disse a algumas pessoas:
"Eu me recupero logo"
e era verdade.
Talvez por eu passar muito tempo
não fazendo nada além de descansar.
Depois que eu tomei o primeiro remédio,
não tive mais febre.
Eu senti falta da febre, pois ela me fazia dormir.
E, dormindo, eu esquecia.
Eu esquecia de tudo.
Ficar fraca e com frio, presa debaixo de uma coberta,
consciente da temperatura subindo cada vez mais,
me libertava.
Fazia muitos anos que eu não me sentia bem
por adoecer.
Era quase como se eu simplesmente
não quisesse melhorar.
Eu queria ficar ali, doente, na minha cama.
Morrer, talvez.
Eu não queria saber das coisas.
Eu não queria ficar triste.
Eu não queria pensar na solidão ou na saudade.
Mas a minha mãe já estava marcando médico -
ela queria que eu melhorasse logo,
porque ela logo não teria mais tempo
de ficar aqui e cuidar de mim.
Eu me senti amada.
O amor em tempos capitalistas
acaba sendo meio triste,
mas ainda pode ser notado.
Se eu pudesse, diria a ela:
"Não quero ficar boa",
mas eu não podia.
Eu precisava amá-la de volta.
E não era como se ela estivesse muito melhor que eu.
Então, foi isso.
Eu fiquei doente.
Eu tinha uma mãe para cuidar de mim,
mas não muita vontade de viver.
E provavelmente ia ficar bem,
durar mais algumas dezenas de anos,
fazer bens e males à humanidade.
Mas pelo menos eu podia escrever.
Meus dedos estavam funcionando
maravilhosamente bem.
E vendo por este ponto,
eu estava em perfeita saúde,
e portanto, a salvo.
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