Somos dois espelhos
Posicionados um frente ao outro
Mesma altura
Mesma profundidade de reflexão
Nós somos um eterno
Conjunto de reações
Desde que nos colocamos neste lugar
Desde que o primeiro raio de luz
Atingiu o recinto
Se esse raio de luz
Fosse puro o suficiente
Seríamos capazes de suprir
Um a demanda do outro
Mas eis que as trevas também reinam
E também refletimos a escuridão
Porque somos
Resultado de um fenômeno
Que não pode ser explicado
Pela raça humana
E agora sabendo a verdade
Sabemos que tudo que me destroi
Segue em tua direção
E tudo que te destroi
Segue em minha direção
E tudo que me salva te acaricia
E tudo que te salva me alcança
Somos uma convergência infinda
De energia recíproca
Mas somos também demasiado fracos
Para suportar a nossa própria força
E se atacados, certamente
Destruiríamos um ao outro
E é por isso que aqui morremos
Que a nossa divina salvação
Descanse em paz
Em seu pequeno lençol de seda
Como se nunca tivesse acordado
Que durma até que a escuridão
Não tenha tanto poder
Sobre nós, mortais
E que o agora
Que soa como
Um interminável feriado de luto
Se faça sentir como sempre
Até que a realidade
De ambos os corações de prata
Derreta o vidro que nos cobre
Deforme o que nos corrompe
E se projeta
E até que sejamos livres
De todo o mal
Amém
Um comentário:
Lindo.
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