quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

Condolências

O céu está vermelho.
É tão tarde que é quase cedo.
Cedo demais para ir embora,
Tarde demais para voltar para ti.

Hoje me culpei
Pelo vazio que carrego.
Pus teu nome 
Na escassez do meu ar
E chamei-nos de fracasso.
É isso que sei:
Fracassar.

Quando pesavas sobre mim
Era certo, mais que todas as coisas.
Mas, quando te esvais,
Quando escorres pelo ralo
Nos meus banhos raros,
És sujo como tudo mais.

O sol do meio-dia me desfaz.
Me estiro na cama, não peço
Por nenhuma força ou salvação.

Não é o calor ou a dor
Que me provoca isso.
Eu sei
Que é resultado
Da minha falta enorme
De coisa alguma.

Eu te chamo, te chamo,
E sei que contigo aqui
Não faria nada.
Tu não tens valor algum.

Se não me amas,
Se mentes,
Se não podes me preencher
De euforia ou desespero,
Se não podes explodir minha libido,
É como se estivesses morto.

Tu morres, morres, 
Pra mim.
Eu nem choro no teu funeral,
Apenas me sinto vazia.
Um pouco morta também,
Entediada.

Se tu amas outro alguém.
Não vales nada.

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