terça-feira, 1 de dezembro de 2015

Dezembro

Já é dezembro
E eu ainda não te tenho.
Eu nunca te tive,
Na verdade.

Já é uma da manhã
E as luzes estão ainda acesas.
Meu cérebro, vazio
E eu só sei escutar a tua voz.

Você diz que me ama
E de primeira isso me basta.
Mas meus olhos não aguentam
E tu escorrega de mim, molhando o rosto.

Essa ausência de sempre doi.

Me sinto triste.
Triste, triste.
Como se nem teus braços nos meus
Pudessem fazer alguma diferença.

Eu sou assim, só.
E assim serei.

Eu quero morrer
Um pouco.
Me sinto louca
Quatro vezes por semana.

Não adianta.
Nós não vamos salvar nada.
Nós não existimos, afinal.

Já é dezembro.
Esse ano deveria ter sido feliz.
Eu te conheci, te amei.
Já é dezembro e você me ama,
Eu sei.

E se tivesse sido tudo de outra forma,
Talvez eu guardasse alguma esperança.
Talvez, se eu não te amasse,
Eu ainda pudesse pensar
Que um dia seria feliz, acompanhada.

Mas não.
Eu te amo,
Como é dezembro.

Ainda é dezembro,
E esse ano não acaba
(nem nós).

Sei que te amar
É ser pra sempre triste
E enquanto for eterno meu amor,
Também será a minha solidão.

Que venha o próximo mês,
O próximo ano.
Não me atormenta nada,
É apenas isso.

Choro, notifico
O fim de novembro, do ano,
E antes que tenha tempo de mais nada,
Antes que tenha tempo de me calar,
Eu digo mais uma vez que te amo.
Como se isso pudesse mudar alguma coisa.

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