quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

Maresia

Meu mar balança e balança
Eu estou a deriva, mas até que gosto
Estar sempre nesse movimento que não cansa
Há algo de bom em nunca secar,
Em nunca estar parada no meu mar

Eu me desligo, olho pras estrelas
Às vezes me desmancho quente,
Às vezes tremo de frio, tanto faz
É quando eu vejo o céu se pincelando
Que eu quero tudo isso e um pouco mais

É quase natal e eu quase sinto
As brigas de família nas esquinas
Todo mundo se abraçando
E as cozinhas sujas de açúcar da rabanada

É quase natal e eu queria estar errada
Quanto à minha desesperança no futuro

Falta quase uma semana
Pra chegar o dia mais quente do ano
Em que as pessoas se abraçam, bebem e comem
Em que tudo isso faz sentido

E eu afundo sem querer,
Tenho um desgosto de tudo
Nem sei o que me puxa para baixo
Maremoto, talvez

Eu sou esse mar, não sou?
E essa época do ano
E os infinitos pacotes
De simbolismos cronológicos

Eu sou as náuseas do ir e vir
E a limpeza eterna que o sal promove
Não posso ser nada além de mar
Sou mar, apenas mar

Na miséria invernal
Ou nos escapismos do verão
Eu preciso continuar aqui
Até que alguém queira
Me mergulhar
E ficar um pouco mais
Nadando em mim

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