Calço meus pés de Peter Pan,
Visto meu manto protetor,
Prendo ao pescoço as sementes
Que um dia me escorreram os olhos
E me arrancaram risos
A minha meia é colorida
Todos os dias
Para trazer uma alegria só minha
Para pisar em meu próprio arco-íris
Botei meus pés calçados lá fora
Pra saber o que havia
Do outro lado de mim
O céu se mostrou assim
Na minha pele
Alusão à minha disfunção
Cinza e amarelo
E a beleza do caos era tanta
Que nem procurei os traços de harmonia
Saí, como quem não saía
Há vários meses
Era a terceira vez na semana
Eu estava cansada
E meus pés não se manifestaram contra
Uma vez sequer
Eu tenho voz
Aquela voz perdida dos que amam
E não se desfazem
Arrasto minhas tranças pela rua
Rapunzel, e sua agonia nua
Existo hoje,
De volta ao meu faz de conta
Que arranha a minha lama da decência
Me visto, me expresso, existo
Agora posso me debater em paz
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