Eu tive um dia
Mil cartas sem nome,
Até que enfim eu resolvi endereçá-las.
O que eu não sabia, pasmem,
Era que as cartas tinham vontade própria.
É preciso que o universo
Conspire a seu favor.
E então todas elas foram perdidas.
Revoltada, frustrada com a vida,
Meio entristecida, até,
Tive o trabalho de apagar nome por nome
De todas as minhas cartas doloridas.
E machucou, claro que machucou.
Eu queria ter um corpo no qual tocar.
Queria ter algum deleite para os olhos.
Queria ter a quem amar.
Mas, a quem interessar possa,
O meu amor hoje não é endereçado.
Se você sentir vontade,
Rabisca teu nome em cima
Da minha dor e poemas,
Da minha doçura escondida,
De tudo que tenho estendido
Nesse infinito varal de mim.
Mas, se não te fizer graça
A minha desgraça enfeitada,
Me faça o favor de ir embora.
Eu já não vejo a hora de ficar só.
Me ponho a reescrever todos os nomes.
Agora sei onde mora a minha solidão.
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