segunda-feira, 21 de julho de 2014

Suicida.

Eu queria me matar por você. Queria estar lá contigo, na beira do abismo. Como estivemos na primeira vez em que você veio me visitar. Queria estar lá pra você. Por tudo. Para que a morte nos arrancasse essa solidão imensa. Para que ali estivéssemos um olhando para o outro. Com a convicção de um amor tão grande que chegaria ao túmulo. E talvez isso nos salvasse. Eu sempre achei que a vida ficava mais fácil quando a gente se dispunha a enfrentar o pior dela. Abraçar a morte, amor. Achei que fosse fazer isso comigo. Achei que fôssemos ficar juntos. Para morrer, ou para viver. E se você apontasse uma arma na minha cabeça,  eu te olharia nos olhos, e faria tudo para te convencer de que seria a coisa certa a ser feita. Eu sempre quis ser forte por você. Porque você é a poesia da minha vida. Você é a única pessoa que entenderia se eu me matasse. Entenderia de verdade.

Mas não. Você estragou tudo com aquelas malditas pílulas. Por que você tinha que fazer isso? Talvez você quisesse sabotar os próprios planos. Ou desafiar Deus.

Ou talvez. Apenas talvez você tenha decidido me salvar. Mas você não percebe que salvando o meu corpo você condena o meu espírito? Eu preciso de você. Eu preciso poder estar ao seu lado e topar fazer absolutamente tudo. Como se fôssemos dominar o mundo.

A minha coragem é maior ao seu lado. Eu sou invencível com você.
É uma merda que você tenha desistido dos nossos planos.
Você estragou toda a minha base estrutural. Jogou nossa poesia no lixo. Os ratos estão devorando tudo.

E agora eu só quero me matar. Eu. Me matar. Sozinha. De qualquer maneira. Todas elas são válidas. Eu quero me matar de vingança. Como se fosse minha última cartada. Minha última chance de fazer algo de que eu poderia me orgulhar. Provar que eu sou corajosa sem você.

Mas ainda estou trabalhando nisso. Eu preciso ter certeza do que eu vou fazer antes de ir. Essa solidão só piora tudo.

Por que você desistiu de mim?

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