Luto contra o chumbo em minhas veias
Conserto muito mal as pás
Do vento que me serve de soro
Injetado nos buracos de mim,
Tentando desobstruir
Procuro a escuridão num eco
Tento refletir alguma humanidade
Recebo ódio
Leio mais um texto seu
Pra perfumar meu sono
Pra regar as flores mortas
Do meu inconsciente
Sufoco tentando acordar
E engulo 12 mínimas
Sementes de pânico
Como plantasse um inferno em meu âmago
Devolvo-as
Como fosse uma escolha minha
Rasgar meu estômago ao meio
Mas não
Desabo por trás de córtex
Tomando decisões das quais me arrependerei
Eu nunca me arrependo,
Sempre sou grata
Por cada destruição que colho
Nino diálogos
Com robôs e bonecos
Não existem humanos
Não existe espécie
Como foi afirmado
Visito teu estábulo
Teu antro de café e cigarro
Tua palha alastrada e grudando meus tornozelos
Como a palha faz depois de certo atrito
Sinto falta de ter meus pulsos decepados
Por palavras vazias
E um nojo descomunal
O xarope preto que escorre da sua língua
Entra em mim e me habita como um parasita
Mas na verdade não é o vírus
Que está me consumindo
É algum tipo de câncer
Uma parte faminta de mim que me devora
E deixa herdeiros
Antes de morrer
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