Lembro-me da sensação aterrorizante do calor de segunda-feira. Da tarde, da solidão, e do cansaço de domingo.
Lembro-me de me deitar a tarde inteira, aconchegando meus cabelos no teu coração pulsante. E arrepios quentes percorrerem toda a superfície do meu medo.
Lembro-me de estar apaixonada, e procurar socorro em tuas mãos. E encontrá-lo, sempre. Mergulhando em erros, negando tudo a todos, e dançando na avenida. Correndo entre os carros, gritando, e sorrindo-te.
Lembro-me de separar os lábios, e prestar bastante atenção neste gesto. E de certa forma a sugar-te a alma.
Lembro-me de me lembrar de tudo que era negro. De tudo que era triste sem ti, e afirmar que a vida era mesmo insuportável longe dos teus braços. Mesmo que os deixasse na esquina.
Lembro-me de duvidar da felicidade, e vê-la esvair-se pelos cantos do meu delineador. Só. E desabar o mundo ao meu redor. Por escolha própria.
E de perceber enfim, que o passado é passado e que resides nele hoje, e que não moras mais em mim. Mesmo que eu te visite de vez em noite.
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