Isabel acorda quase todo dia às sete e meia da manhã. Deveria acordar às sete.
Faz anos que Isabel não tenta se matar. Queria semana passada por causa de um amigo. Desistiu.
Isabel veste seu sutiã torto e pega o trem das oito e quinze, quatro vezes por semana. Quando não mata aula.
Isabel. Entra na sala e deixa de fora as suas verdades mal estruturadas.
Espera do amigo amor verdadeiro, mas não sai de casa nos fins de semana.
Foge da rua pra sentir um pouco de dor.
Se engana que está no lugar certo fazendo a coisa certa. Esconde tudo numa caixa e se enche de tinta acrílica.
Prefere tinta óleo.
Isabel passa muito tempo na cama. Só pensa em comer brigadeiro e querer colo.
Sorri para muitos estranhos. Tenta ser legal. Isabel acha isso certo, ser legal.
Isabel reclama da vida fielmente todos os dias. Especialmente nos feriados.
E só fala sobre como se sente tão sozinha o tempo todo.
Isabel.
Acha que a vida não melhora.
Não tolera a semelhança que seu mar tem com um lago. Sente-se poço.
Isabel sempre perde a própria identidade.
Nem mesmo se chama Isabel.
Isabel só existe dentro de si.
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