Permita-me o benefício da dúvida.
Tu és desprezo e adoração.
E quando esfrias é quando fico quente.
Preciso dizer-te nãos com tal frequência.
Não alcanças a lógica falha dos meus atos.
Se amo-te hoje, mas apedrejo-te à noite,
Não há verso que justifique o meu pranto.
Porque choro, seja de raiva ou de encanto.
É sempre tu me atrapalhando o sono.
Beijo-te os pés malditos,
Enquanto tu me forças pela nuca.
Fico aflita na tua incoerência,
Porque de doce ela nada tem.
A paixão que me recitas nas noites
De lua cheia ou de ego baixo
Queima em fogo tão alto
Que mal dá tempo de aquecer já causou bolhas.
Se percebes a magia deste feito,
Decididamente não sabes aproveitá-la.
Insiste no arde-e-gela,
Queres que eu me descole da minha pele
Só pra tu ganhares uma camada extra.
Não encaixa o meu e o teu,
Independente do tanto que eu faça.
Parece que desejas
Estar sempre um passo à frente
E assim não ser tocado.
Queria beijar-te a alma,
Mas tu foges
De todas as maneiras que te cabem.
Paranoia:
Procuro-te onde não existes.
Procuro-te no meu caos.
Tu nadas lá pelo outro lado da ilha.
Seja lá quem for o santo na outra margem,
Tu não és ninguém daquilo que me contastes.
E mesmo assim espero-te,
Porque prefiro sempre duvidar a odiar a ti.
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