quinta-feira, 30 de abril de 2015

Meia azul

Hoje o dia está frio,
Pedindo uma cachaça
E uns cigarros.
Eu continuo pensando em você.
Não sei mais fazer outra coisa.
Só consigo pensar em
Entornar aquela garrafa
Que eu escondi em oferenda
Ao tu que existe em mim.
Hoje, eu sinto sua falta,
Como se a despedida fosse
Real dessa vez.
Eu quero me despedir.
Eu tento falar pra todo mundo,
Mas não sei se alguém sabe.
Não sei se alguém entende.
Hoje é a noite perfeita
Para me matar.
E eu
Ainda te amo.
E eu talvez
O ame também.
Mas às vezes eu sei
Que tudo morre.
E saber já é
Um enorme motivo
Pra morrer também.
Hoje,
Os meus pés doem
Dentro das meias tristes
E dos sapatos apertados
Que vão perder o verniz.
Hoje, nessa noite
Que existe,
Como eu gostaria de existir,
Eu queria poder
Acreditar que você me ama.
Mas não é verdade,
Nunca foi.
Eu queria que
Todos os cigarros,
Todos os copos,
Todas as vozes,
Todos os cortes,
Queria que todas
As supostas verdades
Fossem reais.
Queria ter chance de sobreviver.
Mas não.
Eu vou morrer.
Com ou sem você
Eu vou morrer.

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