Não faz isso.
Não fuma, não bebe, não foge.
Para de fugir. Para.
Nem o corpo dele importa mais.
Não deixa o menino te pegar, Emily.
Não deixa o bicho papão chegar aqui.
Vai dormir.
Descansa, pinta sua mandala, vai pra aula.
Prepara a fantasia e o quadro,
Sai dessa internet.
Você tá tão desesperada pra falar com os teus amigos.
Você abandonou todos eles, não foi?
Mas eu os amo.
Eu quero falar com eles.
Mas por outro lado, quero ficar em paz.
Vamos lá, um pouco mais,
Verdades frias na tábua.
Falar com esse garoto me irrita.
Me desespera, incomoda.
Ele só faz ir embora, todas as vezes.
Tudo que ele me fala é sobre ir embora.
Como se ele estivesse num interminável
Processo de morte.
Ele morre, morre, morre todos os dias.
Me incomoda. Atormenta.
Eu não quero assistir.
Ele me convida, eu vou.
Ele sugere, eu topo.
Ele pergunta, eu concordo.
Mas eu não suporto, eu não suporto.
É como se esticássemos um fim
Que já acabou há anos.
Por que eu estou fazendo essa caridade falsa e suja?
Por que eu não falo logo a verdade e acabo com isso?
Eu não quero matá-lo,
Eu não quero provocar-lhe dor.
Eu só quero ficar longe todas as vezes possíveis.
Dele e seus cigarros, dele e seus tormentos,
Dele e seus desesperos, corpos, imagens.
Eu não sei o que fazer.
Ele é um mau presságio.
Ele não sabe, mas agora sinto
Que todas as vezes que eu precisar tocá-lo
Eu terei que estar minimamente alta,
Para não querer me matar
É como se fosse tóxico
Se eu o encosto, morro
Definho, apodreço, pereço
Isso já nem faz mais sentido
Traição, será?
Quando tempo leva até você perceber
Que eventualmente você vai embora
Que isso já começou faz tempo, tua partida
Talvez já tenha notado, talvez apenas ignore
Isso me machuca
Você logo vai embora de vez
E vai doer mas eu quase não vou sentir
Porque quando você me matou
Eu virei um monstro
O bicho-papão em mim agora existe
Agora pode
E eu não posso com ele
Eu preciso que ele durma
Então vamos dormir
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