domingo, 30 de junho de 2024

Leaves

Everytime I see a tree, I think of you
I wanna point them all to show you
Happy like a 5 year old
I want you to be my father
To refill the void that that guy
Left in me
I want you to mouth feed me
To tell me stories
To put me to sleep
I wanna count the vultures with you
Make it a competition
Sing along your favorite songs
And be happy to mirror
The person I like you to be
I wanna drink a beer with you
At a bar, eating fries on a plate
Clap to the musicians
Rest my head on your shoulder
Take a nap on your shoulder


quarta-feira, 26 de junho de 2024

The "negative light"

Until I had become 
My second language
A second person, with hopes and dreams and sorrows
With a second name, and a new hair color
Another way of living,
Another set of memories
Just a whole new person
With all of it's perks 
Or disadvantages.
A secret hiding place
A paradise,
A nightmare,
Somewhere to put my bed in
Turn off the lights
Even if it's loud outside
To hear my silence.

She came in like a visit
Unannounced, all of sudden
I could not predict
How I'd have it unfolded
Three words and she had it
My darkest bit
My pit,
My endlessness and void
My me
The other me
The one that no one heard

Because I guess
I ended up being quiet
Behind all the noise that I constantly make
Maybe to distract the predators
Maybe to seduce the prey
Still, I fed this dance
Put colors in it
Made it spark and shake
Breaking myself into pieces
Like a scattered mirror on a sunny day

I never noticed
The side behind the shadow
Even though I new my other names
I never met her
And I've been hearing her voice
Whispering,
Yelling
Behind my mind
Burried in mud 
6 feet down
Below my coffin's end.

But I'm still there,
She says
And she still is, 
Indeed
Still there
She never came with me
She never lived my life
I never took her out
She's caged
Still reliving the same set of days
That by this point
Turned into one
Only one day
Lived over and over like a curse 
The worst part of each one of them
Turned into one
I wish I could have killed her
I wish I could have died
But I guess
She may be the real me
And once she's gone,
Well

terça-feira, 25 de junho de 2024

Podia aproveitar,

Não vou te dar razões
Que sei que você não quer explicações 
Tu quer ouvir um sim da minha lingua
Vibrando no céu da tua boca
Te seguindo numa rua escura
E eu sei que ficaria linda na sua cama
Mas tem alguém em mim que você não conhece 
E não quer conhecer, então não chama
Você gosta do fogo assim a céu aberto
Mas sinto o cheiro de você buscando uma cilada
E eu não quero ser um desafio
Não quero ver o seu copo vazio
Eu não saí de casa hoje a toa
E sei que a conversa é boa
Mas pra tu não tem depois
E eu sou o depois
E depois quando eu acabo
Você não vai ver
Seus olhos já estão fechados
Como sua boca ao me ler

Emotional Support Sofa

She taught me how to lie when I was five
To put on a mask
To perform a whole act
To pretend that I'm not
Even though I very clearly am
Because of what people would say
Not about me
I didn't care
About her
And I cared about what she said
Because she taught me to care
About that 
And many other useless worries
That she nurtured inside me
Still does
She taught me how to be
Someone I'm not
And I'd never been
And I never would but
Ended up becoming
Because of her and her claws
And at some point I realized
I couldn't sleep at night
I couldn't hear my thoughts
The whole noise was only their voices
Speaking and speaking over my head
And I didn't know I was a person
It took me a while
To realize I was a person
And what it takes a person to be
Not just exist to please
As a piece of a very comfortable 
Furniture
Waiting to be sit on
Stepped on
Pissed over
Like a dog to a light pole
To be used as mold farm
To make people closer to their deaths
I was a flesh
I was a pack of bones
And whatever makes a human a human
I was there
Better saying
I was somewhere
Or even better
That I was
If only getting to that
Was that hard
To begin to think
I was someone to think about
Instead of quick disposal
You can only guess
How hard it would be for me
To find out who I may be
I may not be at all
I'm still reciting to convince myself
To hear my own voice.

segunda-feira, 24 de junho de 2024

Mandíbula

Tão faminta que devoro umas castanhas e nozes
Que encontrei sobre a mesa da copa
Meu maxilar ameaça parar
Meu corpo inteiro pede socorro
E eu me pergunto se perdi o encanto
Se é algo que a gente, assim, perde
Se tem como resgatar
É incrível como eu só me enxergo
Espelhada nos olhos de um outro
Eu não existo
Sem um par de olhos pra me vigiar
Acho que é isso
É disso que eu tenho medo
De deixar de existir
Como uma banana
Teimo com meu corpo
Bebo um pouco de leite, um gole d'água
Todos os dias eu tento me convencer a tomar banho
Sei que preciso
Mas hoje não vai rolar
Eu tenho medo de ser invisível
Estar e não estar
De ninguém mais me notar
Enxergando minha casca ou não
Me descascando
Eu tenho medo de continuar aqui
Mas não sentir mais nada
Ou de sentir uma dor dilacerante
Sobretudo de sentir que
Eu não sou real
E não compreendo como isso doi
Onde é que me fura
Que me esfaqueia
Que me dilacera por entre as tripas
Eu não sei por que ou como
Só que doi
E doi como se eu fosse morrer
Mas não morro
Fico
Sobrevivo
Porque morrer requer força
Requer existir
Requer ódio e desgosto
E sobretudo não sentir
Não querer sentir
Não querer existir
Não querer ser real
E eu quero
Eu quero estar aqui
Mas cada dia que eu gravo em minhas memórias
Vai escorrendo por entre meus dedos
Até que eu já não me lembre de quem fui há cinco minutos
Há cinco dias
Há cinco anos
É tudo igual
Uma areia fina escorrendo em uma ampulhetinha
Eu tento me agarrar com toda a força
Mastigo meus dentes
Destruo as castanhas e nozes
Amarro uma corda na cintura 
E outra na cadeira
Pra me levantar da cama
Coloco o som de vozes humanas bem alto
Pra me acordar
E um vento gelado soprando na minha face
Tudo que está ao meu alcance
Ou quase tudo
Pois me prometi não tentar encontrar 
Meus órgãos internos
Com uma faquinha meia-boca
Será que o fogo que me rasga
Iria me trazer de volta?
Eu me prometi que não ia tentar
Mas me pergunto
E se essa for a solução?
De todo o resto eu tento
Sigo tentando
E recitando pra mim mesma 
"Eu tentei. Tento. Estou tentando. Vou tentar amanhã."
Mas o som da minha voz também escorre
Pelos corredores do prédio
Sobe e incomoda
Eu nunca tive o direito de existir
Então o que me resta?
Eu torço meu maxilar tentando manter-me viva
Contra as minhas próprias expectativas 
Porque são as únicas que ouço
A essa altura
Estou distante demais pra tornar-me viva
Pra qualquer coisa além de performar uma existência
Que nunca aconteceu
Preciso fechar meus olhos
O dia que não vai chegar não vem se eu não fechar
E quem disse que eu quero ver o dia de amanhã?
Eu quero que vá tudo pro espaço
Eu quero ser feliz
Mas não posso admitir
Isso iria me destruir por completo
Eu não posso querer o que quero
Falar
Sentir 
Ou 
Respirar
Então eu não existo

terça-feira, 18 de junho de 2024

3 Body Problem

Perfumo suas palavras
Em meus dois olhos fechados
Como faca no pulso
Como ter as mãos decepadas
O sorriso que carrego quando me lembro
Do X e do Z
Do poema que te escrevi sobre aquele dia
Sobre te rezar como seguir um culto 
Porque a minha fé não era sã
Leio textos, olho fotos suas
Lembro do cheiro do seu cabelo
Lembro de sentir sua pele
Tenho asco de mim
Quero enterrar-me viva
Quero desviver
Obedecê-la
Porque esse rombo em mim
Não é tolerável
E nunca foi
Me lembro de te enfiar
No meio dele
Na esperança de dispersar os raios
Mas você escorregou e foi embora
E de alguma forma
Depois que você terminou
O rombo era ainda maior
E não importa o quanto eu coma
A grama cresce ao redor
Nunca no meio
Eu posso tornar-me planeta
Mas sem gravidade
Meu magma não tem mais nome
Nem latitude
Eu sou a rota entre duas órbitas
O que o vácuo faz entre dois objetos
O meio entre eu, você, e o que
Nunca poderíamos ter sido

Wolverine

Me afogo em sonho
Luto contra o chumbo em minhas veias
Conserto muito mal as pás
Do vento que me serve de soro
Injetado nos buracos de mim,
Tentando desobstruir
Procuro a escuridão num eco
Tento refletir alguma humanidade
Recebo ódio
Leio mais um texto seu
Pra perfumar meu sono
Pra regar as flores mortas
Do meu inconsciente 
Sufoco tentando acordar
E engulo 12 mínimas 
Sementes de pânico
Como plantasse um inferno em meu âmago
Devolvo-as
Como fosse uma escolha minha
Rasgar meu estômago ao meio
Mas não
Desabo por trás de córtex
Tomando decisões das quais me arrependerei
Eu nunca me arrependo,
Sempre sou grata
Por cada destruição que colho
Nino diálogos
Com robôs e bonecos
Não existem humanos 
Não existe espécie 
Como foi afirmado

Visito teu estábulo
Teu antro de café e cigarro
Tua palha alastrada e grudando meus tornozelos
Como a palha faz depois de certo atrito
Sinto falta de ter meus pulsos decepados
Por palavras vazias
E um nojo descomunal
O xarope preto que escorre da sua língua
Entra em mim e me habita como um parasita 
Mas na verdade não é o vírus
Que está me consumindo
É algum tipo de câncer
Uma parte faminta de mim que me devora
E deixa herdeiros
Antes de morrer

terça-feira, 11 de junho de 2024

Muscles

While my arms hurt so much 
I can barely move them,
I close my eyes and smile ear to ear
Relieved, 
Thanking whoever for the pain.
I take a sip on
A homemade tea
And it feels like alcohol
Bringing me back to me.
I cover myself with a 20+ yr old blue blanket
It doesn't feel soft
But it weights over me;
I could turn the fan off
And feel warm, relaxed
But I know I only fall asleep
With my muscles tense
To relieve the stress
And the cold feels like home
The lonely home where I grew up:
Empty, cold, windy.

segunda-feira, 10 de junho de 2024

Voz

Eu viro uma psicopata com comida
Bebo ovomaltine e fico tonta,
Como fosse álcool
Eu já não me lembro mais como escrever
Talvez porque eu parei de ler
Me falta repertório,
Me falta ritmo,
Me falta ter sobre o que escrever
Eu não tomo mais doses baratas de afeto
Eu não espero os ecos 
De alguma ilusão humana
Anônima na minha frente
Borrada aos meus olhos
Eu não coloco mais pra fora 
O que antes eu engolia
Meio à força, meio por querer
Eu não engulo mais giletes
Assim, de graça
Como um presente para eles
Eu não passo mais o meu tempo 
Pensando,
Tentando
Ser alguém.
Eu sinto falta de quando você vivia
Por aqui
Nessa época eu sabia quem era
A vida tinha propósito
Eu ainda acreditava nas minhas mentiras
Eu sinto falta de acreditar
De mentir pra mim
Eu me entorpeço com antipsicóticos
Tentando ficar sóbria, cética
Distante do único mundo
Onde eu realmente existo
De fora dele eu sou invisível 
Então é isso, eu tento ficar invisível
Me manter em silêncio
Mas o silêncio não me deixa em paz
As invasões pesam sobre mim
Porque me forçam a voz falsa
Me sinto ameaçada
Tento repetir pra mim que não importa
Que está tudo bem
Mas é só mais um evento dissociativo
Eu morro de medo de onde ela pode me levar
Se eu fechar os olhos
O inverno em pleno Rio de Janeiro
Acende chama em meus ossos
Me vibra por dentro
Enquanto me contorço pra dormir
Debaixo do cobertor
Um mês atrás eu queimava na sombra 
Implorando por um céu mais brando
E ele veio
E tudo parece desabar sobre mim
Como de costume, porém
Por alguma razão eu agora pareço
Ter um par de lentes,
Um fino véu que me permite enxergar
O que tudo significa pra mim
Estou cansada
Me sinto alegre às vezes
Me sinto vazia
Ontem à noite chorei
De uma forma completamente inesperada
Acho que vou morrer de fome
Eu tô aterrorizada
E cansada de ouvir dela que eu nunca vou sair daqui
Que eu tenho apenas que seguir em frente
Quando seja lá qual for a ferramenta
Me falta
Para continuar vivendo
Eu estou me desmontando aos poucos
O ombro deslocado da coluna
Minha carne se retorcendo 
Como um pano de chão
Preciso dizer algo
Deixar mais um relato 
Pra ser esquecido no tempo
Pra comprovar que eu não sou real