Como um rabo desacoplável
Me ensinou seu ofício
Com graça e técnica
Da coluna torta
Ao furo nas presas
Seus hábitos de fogo e sono
E sua beleza
Pra que eu fosse ainda mais apresentável
E ainda mais dolorida
Pra que eu ocupasse o palco
Que ela desejava conquistar
Uma deflexão,
Uma concorrência
Alguém com quem lutar,
Uma companhia
Ou a versão disso
Que ela conhecia
Ela me ensinou a ensaboar-me
Sempre duas vezes
No umbigo, e atrás das orelhas
A passar álcool nas mãos
Até criar fissuras
Sua loucura,
Com detalhes e tutoriais
Me mostrou
Como falar ao contrário
Como regra,
Calar-me ao ter necessidades
E fez par com ele,
Pra demonizá-lo
E espelhar sobre ele
Sua fútil ira
Quando eu abri os olhos,
Já era escorregadia
Já era imune ao frio
Já sabia elevar o espírito
Fugindo à comida
E que o prato tem que ser sempre bonito
Como as xícaras
Quando eu abri os olhos
Eu já nem me conhecia
Já tinha sido furtada de mim
Mesmo na barriga
E todos os sons que eu ouvia
Eram os da sua voz
E não da minha
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